Em excesso, ele se transforma em exaustão emocional e acaba com a sua energia. Na medida certa, dá o impulso que você precisa para enfrentar as pressões do dia-a-dia. Veja o que fazer para encontrar esse equilíbrio e manter o inimigo sob controle
Na hora do café, na sala dos professores, o assunto se repete. O desafio de todo mundo é dar conta de tantas responsabilidades na escola, em casa e nos estudos. Mesmo com a vida cada vez mais difícil, é possível não cair num mar de desânimo e administrar bem o estresse. Na medida certa, acredite, essa reação do organismo é necessária para ajudar você a enfrentar situações de desafio ou emoções muito fortes. Em excesso, no entanto, pode tirar todo o seu pique e abrir as portas do organismo para doenças. Um dos maiores desafios dos dias de hoje é justamente conseguir equilibrar o trabalho e as emoções sem se deixar dominar pelo estresse. Estudos internacionais comprovam que ele é um dos principais fatores de afastamento do trabalho e de queda do rendimento profissional. Em 2003, um terço dos professores na Grã-Bretanha abandonaram temporariamente seus alunos por estarem estressados, angustiados ou deprimidos, de acordo com um estudo do Schools Advisory Service. No Brasil, pesquisa realizada pela Universidade de Brasília e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação com professores do Rio de Janeiro aponta que 30% sofrem de exaustão emocional.
Você está na sua lista de prioridades?
O planejamento do ano letivo e dos projetos pessoais dizem muito sobre os riscos de se tornar vítima do estresse. Você pensou nos materiais que vai pedir à direção, em novas atividades e projetos, nas leituras essenciais para se atualizar, nos assuntos para discutir com os pais e nas reuniões de trabalho, em métodos de avaliação, nas contas que tem para pagar, no tempinho que vai reservar para seus filhos... E você, onde entra nessa história?
Para Maria de Lourdes Magalhães, pedagoga especializada em saúde coletiva, de Brasília, quem se cuida tem um desempenho melhor em sala de aula. Isso inclui fazer o que gosta, curtir a família e os amigos, se distrair com uma boa leitura, praticar exercícios físicos e se alimentar bem. "O estresse é contagioso", brinca a pedagoga. "Um professor desanimado é capaz de desanimar a turma inteira." Um exemplo: em uma aula de Ciências, você dificilmente conseguirá passar aos alunos a importância de cuidar do corpo, de comer alimentos saudáveis e de se relacionar bem com os pais e amigos, se tiver o rosto cansado e for o retrato do desânimo. Maria de Lourdes vai mais longe. Ela defende que o autocuidado se torne disciplina nos cursos de formação docente e alerta para a necessidade de políticas públicas voltadas para a saúde dos professores.
É certo que suas obrigações e preocupações não vão desaparecer do dia para a noite. Portanto, além de torcer para que os pais colaborem na educação das crianças, de reivindicar mais infra-estrutura da direção e lutar para ter seu trabalho reconhecido, reserve um espaço para você. "Não podemos deixar o prazer e o descanso em último plano. É preciso equilibrar obrigações e prazer", afirma Marilda Lipp, pesquisadora do Centro Psicológico de Controle do Stress, em Campinas (SP).
O poder dos exercícios e dos alimentos saudáveis
Cada ser humano tem uma resistência ao estresse e diferentes possibilidades de enfrentá-lo. Os tímidos, ansiosos e apressados são os que correm mais perigo. A professora de Educação Infantil Erika Ziegelmeyer Barbosa, da Escola Sá Pereira, no Rio de Janeiro, era muito impaciente e sentia fortes dores lombares. Antes que os sintomas aumentassem, ela encontrou um escape nos movimentos do tai chi chuan, técnica de arte marcial chinesa. "Não há comparação entre o que era e o que sou. Os exercícios regulam minha concentração e a respiração. Sou mais calma e não luto contra o tempo", diz a professora, que pratica os exercícios três vezes por semana, pela manhã.
Os médicos são unânimes: a regularidade da atividade física contribui para a sensação de bem-estar porque o organismo libera endorfina, reforçando a capacidade de combater o estresse. Não há uma única receita para todas as pessoas. Porém, ao lado dos exercícios regulares, outro fator importante na prevenção ao estresse é uma dieta saudável - e isso significa comer na hora certa muitos legumes, frutas e verduras.
"O ideal é ter sempre algo saudável à mão, como biscoitos sem recheio, frutas e barras de cereais", explica a nutricionista Camila Andrade Pereira, de São Paulo. Outro conselho importante: sucos e chás são as melhores bebidas para tomar nos intervalos das aulas e na hora do lanche - evite o chá-mate e o preto, pois contêm cafeína. Portanto, no próximo bate-papo na sala dos professores, que tal dispensar o cafezinho?
Teste: como anda seu nível de estresse?
Indique quantas vezes você teve os seguintes sintomas na última semana:
1. Tensão muscular e pescoço rígido
2. Grande irritação, com impulso de ser indelicado ou rude com as outras pessoas por pouca provocação
3. Mesmo se alimentando de modo adequado, o estômago ardia com acidez
4. Vontade de sumir
5. Lapsos de memória
6. Sensação de incompetência ou de que não conseguiria lidar com as exigências
7. Cansaço de manhã, como se o corpo estivesse pedindo cama
8. Sensação de estar repetindo coisas que já dissera ou pensando repetidamente no mesmo assunto, sem desligar
9. Ansiedade, receio vago, inquietude interior
10. Sensação de trabalhar em um nível de competência abaixo do seu normal
Some os itens para os quais você marcou 4 vezes na semana ou mais. Se não assinalou nenhum, parabéns! Seu
corpo está em pleno funcionamento.
de 1 a 3: sua vida pode estar um pouco estressante. Veja o que está exigindo demais de sua resistência: pode ser o mundo lá fora ou você mesmo. Fortaleça seu organismo e reduza a tensão mental e física.
de 4 a 8: seu nível de estresse está alto. Algo está exigindo demais do seu organismo e você pode estar chegando ao seu limite. Considere uma mudança no estilo de vida e nos hábitos. Analise como seu modo de ser está contribuindo para a tensão.
9 ou 10: seu nível de estresse está altíssimo. Procure um médico ou psicólogo. Aumente o consumo de frutas e verduras e procure fazer exercícios físicos três vezes por semana.
Fonte: revistaescola.abril.com.br
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